Em 1960 se iniciou a verdadeira história das micotoxinas no mundo por um surto inexplicável de aves no Reino Unido. Esse surto ficou conhecido como “Turkey X Disease”, e chegou-se à conclusão que uma ração com amendoim importada do Brasil e da Africa era a grande causadora do feito.
Essa ração estava contaminada por uma substancia fluorencente produzida pelo fungo Aspergillus flavus que futuramente ao ocorrido derivou a palavra AFLATOXINA. Atualmente já se sabe que não existe somente uma aflatoxina, mas AFLATOXINA B1, B2, G1 e G2. E dentre elas a AFLATOXINA B1 (AFB1) é considerada o agente mais carcinogênico do mundo. Por conta disso a aflatoxina é considerada a micotoxina mais importante no Brasil.
As micotoxinas são toxinas produzidas e liberadas por certos fungos filamentosos que são tóxicos para humanos e animais, principalmente do gênero Fusarium, Aspergillus e Penicillium. Essas toxinas são de baixíssimo peso molecular e afetam órgãos como rins, fígado, e por regra prejudicam o sistema nervoso, imune e endócrino.
Os fungos só produzem micotoxinas em condições favoráveis de unidade, oxigênio e temperatura, assim a presença de fungos não indica necessariamente a presença de micotoxinas.
Existem milhares de fungos, mas certa de 100 espécies tem a capacidade de produzir micotoxinas, até o momento 300 desses metabólitos foram identificados e somente 10% detectamos com frequência nos alimentos, sendo essa a principal fonte de ingestão e contaminação dos animais e dos seres humanos.
As culturas agrícolas tais como cevada, milho, trigo e aveia, além de subprodutos, fenos e silagens, são os mais susceptíveis ao ataque dos fungos e os níveis de micotoxinas podem varias de acordo com as condições já citadas desde o campo até o armazenamento.
Quando contaminados os alimentos e ingerido pelos animais as toxinas podem levar a problemas agudos até a morte, já a exposição prolongada em baixos níveis de contaminação pode levar sintomas ocultos como: imunossupressão, atrasos de desenvolvimento e susceptibilidade a doenças e a problemas crônicos a saúde.
Os efeitos tóxicos das micotoxinas podem ser divididas em quatro mecanismos básicos:
- Redução de consumo ou recusa da ração;
- Alteração dos nutrientes da ração; afetando a absorção e os nutrientes
- Alterações sobre o sistema endócrino; Sistema reprodutivo, crescimento, ...
- Supressão do sistema imunológico; ao animais se apresentarão suscepitivos a patologias secundarias e redução aos efeitos vacinais.
As micotoxinas são inodoras e os animais não percebem a sua presença, por conta disso além da ingestão a inalação pela exposição a camas infectadas pode ser uma importante via de contaminação.
A exposição prolongada de micotoxinas em baixos níveis produz sintomas crônicos inibindo sinais claros da doença e afetando o desempenho rotineiro e reprodutivo dos animais. Sintomas gerais como: perda de peso e apetite, mau estado geral, baixo desempenho de performance e reprodutivo e retardo de crescimento são sinais clássicos de exposição crônica a micotoxinas.
Pesquisas subsequentes encontraram outros fungos produtores de substancias tóxicas. Segue abaixo uma tabela com as principais espécies e onde mais comumente são encontradas.
Principais substratos |
Principais fungos produtores |
Principal toxina |
Efeitos |
Amendoim, milho. |
Aspergillus flavus |
Aflatoxina B1 |
Hepatotóxica, nefrotóxica, carcinogênica. |
Trigo, aveia, cevada, milho e arroz. |
Penicillium citrinum |
Citrinina |
Nefrotóxica para suínos |
Centeio e grãos em geral. |
Claviceps purpurea |
Ergotamina |
Gangrena de extremidades ou convulsões |
Milho |
Fusarium verticillioides |
Fumonisinas |
Câncer de esôfago |
Cevada, café, vinho. |
Aspergillus ochraceus Aspergillus carbonarius |
Ocratoxina |
Hepatotóxica, nefrotóxica, carcinogênica. |
Frutas e sucos de frutas |
Penicillium expansum |
Patulina |
Toxicidade vagamente estabelecida |
Milho, cevada, aveia, trigo, centeio. |
Fusarium sp |
Tricotecenos: |
Hemorragias, vômitos, dermatites. |
Cereais |
Fusarium graminearum |
Zearalenona |
Baixa toxicidade; síndrome de masculinização e feminização em suínos |
As micotoxinas costumam apresentar algumas características de comportamento:
- São termoestáveis (resistente ao calor),
- Costumam hipersensibilizar o animal; Após contaminado baixas cargas de contaminação pode gerar os mesmos sintomas
- Apresentam sinergismos nos efeitos; Diferentes micotoxinas podem se potencializar gerando determinados efeitos com mais severidade.
- São acumulativas; se nada for feito, o animal tende a ir acumulando no dia a dia altas cargas de micotoxinas.
- Seus efeitos tendem a ser crônicos; e
- Dificilmente não são associados ao consumo de alimentos contaminados.
Dessa forma, a abordagem preventiva se torna de suma importância, uma vez que os bolores tóxicos são bastante presentes no ambiente e evitar a contaminação passa a ser impossível. Por tanto, estratégias como:
- - Utilização de linhagens de plantas resistentes à colonização fúngica;
- - Colheita apropriada;
- - Estocagem adequada;
- - Controle de insetos e roedores;
- - Controle de temperatura e umidade;
- - Tempo de estocagem dentro dos limites de vitalidade dos grãos;
- - Eventualmente irradiação dos grãos; e principalmente
- - UTILIZAÇÃO DE EFETIVOS ADSORVENTES DE MICOTOXINAS
São ferramentas importantes para prevenção, controle e quem sabe um dia erradicação desses agentes de nossos alimentos e de seus efeitos em nossos animais e familiares.
Mieloencefalite Protozoária Equina que também é conhecida como bambeira equina é uma enfermidade neurológica causada pelo protozoário Sarcocystis neurona que tem como hospedeiro o gambá. Se quiser entender um pouco mais sobre, leia este post.
Leia neste post sobre Habronemose uma doença causada pelo parasita nematódeo Habronema sp., e que pode ser de forma cutânea ou gástrica.
Gostou deste post? Deixe seu comentário