Como devo tratar de meu cavalo que lida com o gado?

Como devo tratar de meu cavalo que lida com o gado?
Manejo e alimentação do cavalo de lida com o gado

A colocação do Brasil como importante produtor e exportador de carne bovina, sua grande área territorial e a recente necessidade comercial de produção de “carne verde”, contribuem para consolidar a importância da manutenção de quantidade adequada de equinos e muares para o manejo dessas propriedades. Basta observar os números que revelam o tamanho a área ocupada por pastagem cultivada destinada a bovinocultura de corte, cerca de 220 milhões de hectares, para um rebanho de 163 milhões de cabeças (FNP, 2002).
Esses companheiros de trabalho vem desempenhando, ao longo dos anos, uma tarefa fundamental na manutenção dos rebanhos bovinos, notadamente nas regiões de criação extensiva. Mas, alguns detalhes no manejo diário desses animais precisam ser observados cuidadosamente, no sentido de otimizar a sua eficiência no trabalho e possibilitar muitos anos de utilização eficiente.
De que modo são mantidos, na maioria das fazendas, os cavalos de lida? Existe a preocupação com a alimentação e sanidade? E o número de equinos é suficiente para suportar o trabalho e a condição de manejo? 
É relativamente comum observar, nas fazendas de criação extensiva de bovinos,  principalmente na região central do país, a presença dos cavalos de serviço nos pastos de baixadas ou próximos aos currais, ou até mesmo em áreas de morros, não mecanizáveis. 
O primeiro passo é lembrar que os cavalos são herbívoros e como tal, tem como principal alimento a pastagem. Foram adaptados na anatomia (Tabela 1) e fisiologia de seu aparelho digestivo, durante a evolução, a ingerirem pequenas quantidades de alimento (gramíneas, leguminosas), várias vezes ao dia. Após a domesticação pelo, passaram a trabalhar o dia todo e serem alimentados com grãos e farelos, o que  contribuiu, severamente, para a grande incidência de distúrbios alimentares (cólicas) que ocorrem nos dias atuais.



A pastagem , quando deficiente, pode ser substituída por alguma capineira ou feno, fornecido no cocho, mas, é importante ressaltar que esses animais, não comem a maioria das Brachiarias mais utilizadas nas pastagem para bovinos. Este talvez seja a maior dificuldade a ser corrigida. Os equinos comem apenas as Brachiarias humidícola, com graves restrições quanto ao balanço mineral e tanner-grass (capim de brejo), que não são as mais utilizadas para formação de pastagem. Apenas a região sul do país não enfrenta grandes problemas na alimentação dos seus cavalos de lida, já que tem pastagens nativas de azevém e alfafa, que são excepcionais alimentos. Outras propriedades em regiões de maior altitude tem pastos nativos que são bem aproveitados pelos equinos. 
De qualquer modo, é preciso resolver esta falha. Um alternativa seria a formação de piquetes de colonião e suas variedades (tanzânia, mombaça...)  ou de grama estrela. Algumas propriedades possuem pastos de capim gordura e grama batatais (forquilha), bem aceitos pelos cavalos, mas pobres em nutrientes e praticamente cessam o crescimento no período de estiagem, que no Brasil central, coincide com o inverno. 
Sempre é bom lembrar que a manutenção de pastos adequados para os cavalos de lida aumenta a disposição e resistência para o trabalho e elimina a necessidade de fornecimento de suplementos concentrados, como ração, rolão de milho, ou até mesmo milho em grão. Neste sentido, cabe lembrar que o trabalho realizado na maior parte das propriedades que exploram a criação extensiva de bovinos é considerado, pelas tabelas de avaliação de esforço, leve, sendo que apenas o fornecimento de alimento volumoso de boa qualidade, pode suprir suas exigências. 
Na necessidade de fornecer um suplemento concentrado, que pode ocorrer, principalmente nos períodos de estiagem prolongada, o recomendado é que se utilize de alimentos com grande quantidade de fibras, como rolão de milho e farelo de trigo, não sendo indicado o uso de grão de milho, devido a baixa quantidade de fibras e grande quantidade de amido, que é considerado o maior “vilão” causador de cólicas nos equinos. Como já foi dito anteriormente, nada substitui o alimento volumoso, e é fundamental a presença de fibras longas (mais de 4 cm.) na dieta desses trabalhadores.
No mesmo sentido, o fornecimento de um suplemento mineral adequadamente formulado para atender as exigências nutricionais dos eqüinos precisa ser fornecido. É oportuno ressaltar que as formulações minerais utilizadas para bovinos, não atendem as necessidades dos eqüinos (Tabela 2) e a grande quantidade de sal comum (Cloreto de sódio) presente nessas misturas, inviabilizam ainda mais a ingestão por parte dos eqüinos e quando isto ocorre, é acompanhada de grande ingestão de água, que pode atrapalhar a função digestiva e de trabalho.  


A mistura mineral formulada para eqüinos, não é específica para cada região do país, como a de bovinos, e deve ser fornecida a vontade, sem adição de sal comum e em locais onde os bovinos não tenha acesso, uma vez que, estes, tendem a ingerir avidamente este suplemento.
A importância do oferecimento deste suplemento se baseia no fato de os cavalos de trabalho terem grandes perdas de minerais pelo suor, principalmente nas regiões de clima quente e para a contração muscular. Também é fundamental para apoio na regulação da reprodução, para aquelas propriedades que criam seus cavalos de serviço, sendo que o não fornecimento pode prejudicar os índices de fertilidade do rebanho equino.
Outro cuidado a ser observado é em relação ao controle de ectoparasitas. Os eqüinos são parasitados, normalmente por três espécies de carrapatos, o Amblyomma cajenenses, Anocentor nitens e Boophilos microplus.  O Amblyomma, conhecido na fase larval como micuim, na fase de ninfa como vermelhinho, e na fase adulta com estrela, é o que aparece em maior quantidade de mais difícil controle. O Anocentor é conhecido como carrapato da orelha dos cavalos, mas também se coloca nas regiões de crina e cauda. Já o Boophilus é o carrapato do bovinos, que ocasionalmente, pode parasitar os equinos.
O controle dessas três espécies de carrapatos se baseia nas pulverizações regulares, com produtos efetivamente reconhecidos e na diluição adequada e com a regularidade controlada pela carga parasitária, quanto mais carrapatos, menor o intervalo entre os “banhos”. Cabe aqui frisar que o volume de “calda” ou antiparasitário diluído em água para cada cavalo, para uma pulverização adequada é de no mínimo 4 litros, ou seja, uma bomba costal de 20 litros é suficiente para “banhar” 5 cavalos. Neste controle deve-se ter cuidados especial com orelhas, crina e cauda, podem utilizar-se e outros produtos inseticidas, em pó, para aplicação nessas regiões. 
Quanto a aplicação de drogas para controle de endoparasitas (vermes), existem no mercado, produtos de aplicação via oral, com eficiência comprovada, que devem ser usados, pelo menos 3 vezes por ano nos equinos adultos e 5 vezes por anos nos potros de menos de dois anos de idade. É preciso ter cuidado no uso de drogas injetáveis, não indicadas para equinos, que podem causar reações inflamatórias musculares e subcutâneas (abscessos), que em muitos casos, prejudicam o uso deste animal de serviço, sem contar o gasto com medicamentos para tratamento.
Os rebanhos de cavalos de lida devem sem imunizados contra tétano, doença de alta incidência entre a espécie, apenas uma vez por ano e nas regiões endêmicas, vacinados contra raiva, exigência dos órgãos de controle sanitário. 
Para concluir, a observação de alguns itens de manejo como, a manutenção de pastagem adequada,  a busca pelo fornecimento de suplemento mineral que pode, rapidamente, melhorar o desempenho reprodutivo e de trabalho, sem contar a aparência (brilho dos pêlos),  o controle de ecto e endoparasitas e a prevenção, através de vacinação, de algumas doenças de grande incidência nesta espécie, podem resultar, com investimento relativamente pequeno, na otimização da utilização desses “companheiros de trabalho”. 

Nota Univittá

O Pro-SACC é um aditivo funcional probiótico que proporciona para os animais suplementados uma melhoria considerável da digestibilidade da dieta total do animal, garantindo em muitos casos que o animal venha a perder peso principalmente nas épocas secas do ano. A base de levedura viva Saccharomyces cerevisiae o Pro-SACC colabora com a pelagem, imunidade e principalmente com a qualidade de vida do animal criado a pasto e de lida de campo.
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Dr. Alexandre Augusto de Oliveira Gobesso
Dr. Alexandre Augusto de Oliveira Gobesso

Prof Dr. Alexandre augusto de Oliveira Gobesso Médico Veterinário - Universidade Estadual de Londrina – 1988 Mestre em Medicina Veterinária/Nutrição Animal - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia /USP – 1997 - Doutor em Zootecnia/Produção Animal Fac. de Ciências Agrárias e Veterinárias/Unesp/Jaboticabal/SP – 2001 Livre Docente - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia /USP – 2009 Professor Responsável pela Disciplina: Produção de Equinos - Curso de Medicina Veterinária Professor e Orientador - Mestrado e Doutorado na Área de Nutrição e Produção Animal - Pesquisador Responsável - Laboratório de Pesquisa em Saúde Digestiva e Desempenho de Equinos - Departamento de Nutrição e Produção Animal - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP - Campus de Pirassununga/SP

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