Barbatimão Pomada em feridas

Barbatimão Pomada em feridas

Milena Schempp Consorti

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP - Laboratório de Saúde Digestiva e Desempenho de Equinos

INTRODUÇÃO

Como primeiro mecanismo de defesa do corpo, a pele é constantemente exposta a agressões que levam ao surgimento de feridas e lesões, ou seja, a perda da continuidade do tegumento, situação muito frequente nos equinos.

Logo após a perda da integridade cutânea, o organismo da inicio ao processo de cicatrização, classicamente divididas em quatro fases: Inflamação, debridação, reparação e maturação (Silver, 1979; Orgill e Demling, 1988; Bertone, 1989a; Kent Lloyd, 1992; Fitch e Swaim, 1995).

A fitoterapia, terapêutica que utiliza princípio ativo derivado de plantas ou vegetais, tem sido cada vez mais buscada como tratamento tanto humano como animal (Bürger et al., 2003). Na clina equina existem diversas preparações tópicas para cicatrização de feridas, que muitas vezes são ineficientes por estimularem, por exemplo, processo de granulação.

O Barbatimão (Stryphnodendron barbatiman) é uma destas plantas medicinais tradicionalmente usada na cicatrização de ferimentos em animais, como um fitoterápico. Suas cascas são espessas e ricas em taninos, alcalóides, amido, flavonóides, pró-antocianidinas, matérias resinosas, mucilaginosas, corantes, saponinas e apresentam efeito adstringente (Minatel et all, 2010).

O efeito que a pomada tem de ajudar na cicatrização deve-se principalmente aos taninos condensados, que estimulam o processo de cicatrização, ligando-se às proteínas dos tecidos lesados para criar uma camada protetora (Neto et al., 1996) que reduz a permeabilidade e exsudação da ferida (Brown e Dattner, 1998; Bedi e Shenefelt, 2002).

Abaixo dessa camada protetora que a pomada cria, o processo de cicatrização ocorre naturalmente.

Os taninos também apresentam propriedades anti-inflamatórias e vasoconstritoras, estimulam o crescimento da epiderme, auxiliando a reepitelização (Minatel et all, 2010).

A Pomada de Barbatimão desenvolvida pela empresa Univittá-Saúde animal, é um produto composto por extrato de barbatimão e citronela, usado para garantir a melhor hidratação da pele do animal durante todas as fases do processo de cicatrização.

DISCUSSÃO

Segundo Hernandes et al., (2010) a utilização de uma pomada a base da fração semipurificada do extrato da casca da árvore de barbatimão (taninos condensados), na concentração de 1%, em feridas cutâneas em ratos teve um efeito trófico sobre a proliferação de queratinócitos, estimulando sua proliferação ao longo da margem de reepitelização em relação ao grupo controle. Tal estímulo à proliferação de queratinócitos circundantes na região lesionada, facilita a reepitelização da ferida, propriedade conferida pelos elevados níveis de taninos condensados presentes no extrato da planta.

Além do supracitado, o uso da pomada mostra-se benéfico por este ser um produto antisséptico e antimicrobiano, além de cicatrizante, que contém 15% de barbatimão e também repele as moscas por ter em sua composição citronela, evitando foco de miíase na lesão.

O produto foi usado em casos de feridas tanto profundas quanto superficiais nos equinos, tendo sempre resultado satisfatório. Tais resultados devem-se as propriedades anteriormente citadas do barbatimão contidas na pomada.

A figura ilustra a eficácia da pomada de barbatimão em um dos vários casos no qual foi utilizada no Laboratório de Saúde Digestiva e Desempenho de Equinos (Labequi). Trata-se de um ferimento, com miíase, no jarrete do membro posterior direito de um cavalo mestiço de Mangalarga Marchador de dois anos de idade. O tratamento foi realizado apenas com higienização do local com água e sabão e posterior aplicação da pomada barbatimão da Univittá, duas vezes ao dia. Procedimento realizado durante aproximadamente três meses, até cicatrização completa dos tecidos.

CONCLUSÃO

O uso da pomada de barbatimão causou significativa melhora do ferimento, proporcionando uma rápida recuperação do tecido lesionado.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos á empresa Univittá®-Saúde animal, que nos forneceu produtos e proporcionou melhora em diversos casos. Figura 2: evolução da ferida durante 3 meses (fonte:autor)

REFERÊNCIAS

Bedi, M.K.; Shenefelt, P.D. Herbal therapy in dermatology. Archives of Dermatology, Chicago, v.138, n.2, p.2332-242, 2002. Disponível em: . Acesso em: 12 abr. 2020.

Bertone, A.L. Principles of wound healing. The Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, Philadelphia, v.5, n.3, p.449-463, 1989b.

Brown, D.J.; Dattner, A.M. Phytotherapeutic approaches to common dermatologic conditions. Archives of Dermatology, Chicago, v.134, n.11, p.1401-1404, 1998. Disponível em: . Acesso em: 11 abr. 2020. Bürger, M.; Ghedini, P.C.; Dorigoni, P.A.et al. Cicatrização de feridas cutâneas em ratos tratados com Pomada caseira à base de plantas medicinais. Rev. Bras. Plantas Med., v.5, p.91-97, 2003.

Fitch, R.B.; Swaim, S.F. The role of epithelizationn in wound healing. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, Princeton Junction, v.17, n.2, p.167-177, 1995

Hernandes L, Pereira LMS, Palazzo F, Mello JCP. Wound-healing evaluation of pointment from Stryphnodendron adstringens (barbatimão) in rat skin. Braz J Pharm Sci. 2010;46(3):431-36. http://dx.doi.org/10.1590/S1984-82502010000300005

Jorge Neto J, Fracasso JF, Neves MCLC, Santos LE, Banuth VL. Tratamento de úlceras varicosas e lesões de pele com Calêndula officinalis L. e/ou com Stryphnodendron barbadetiman (Vellozo) Martius. Rev Cienc Farm. 1996;17:181-86.

Kent Lloyd, K.D. Wound healing. In: AUER, J.A. Equine Surgery. Philadelphia: W.B. Saunders, 1992. cap. 3, p.38-45.

Minatel DG, Pereira MAS, Chiaratti TM, Pasqualin L, Oliveira JCN, Couto LB, et al. Estudo clínico para validação da eficácia de pomada contendo barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville) na cicatrização de ulceras de decúbito. Rev Bras Med. 2010;67(7):250-56.

Orgill, D.; Demling, R.H. Current concepts and approaches to wound healing. Critical Care Medicine, Baltimore, v.16, n.9, p.899-908, 1988.

Silver, I.A. The mechanics of wound healing. Equine Veterinary Journal, London, v.11, p.93-96, 1982.

UNIVITTÁ. Univittá: Saúde animal, c2020. Produtos. Acesso em:10 de abr. de 2020

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