A importância do volumoso na dieta do cavalo e suas formas de fornecimento
Os cavalos são animais herbívoros que se alimentam de vegetais e que quando animais selvagens não possuíam moradia fixa, estavam sempre se deslocando e durante suas pausas aproveitavam para se alimentar principalmente de pastagem durante o período diurno e soltos chegam a pastejar cerca de 18 - 19 horas por dia. Além de seus antigos hábitos, o cavalo tem um estômago relativamente pequeno comparados com seus outros órgãos do trato gastrointestinal e por isso ele se alimenta de pequenas quantidades durante todo o dia.
Primeiramente, para que o animal tenha uma alimentação equilibrada é necessário formular uma dieta baseada em alguns fatores importantes, como as características individuais do animal, sendo elas peso, raça e categoria. Visto que todas influenciam nas exigências nutricionais que será diferente de acordo com a categoria. O cavalo precisa mais de volumoso do que concentrado, e por isso o volumoso deve ser a base da sua dieta compondo 50%, ou ainda o mínimo de 1% do seu peso vivo em relação a matéria seca.
O volumoso é a forrageira, que também é considerada apenas como verde. É o alimento que contém 18% de fibra bruta, estimula o movimento peristáltico que evita a indigestão e auto intoxicação, a produção de saliva com os movimentos de mastigação que também promove a sensação de saciedade no animal, auxilia na formação do bolo fecal, produz energia por meio da fermentação da fibra e controla o pH no ceco - cólon e é importante para a manutenção da microbiota desejável do intestino grosso prevenindo a proliferação de bactérias potencialmente patogênicas.
Os equinos apresentam uma anatomia e fisiologia digestiva adaptada para se alimentarem exclusivamente de forragens, a falta pode resultar em consequências fisiológicas indesejadas, distúrbios comportamentais porque o animal pode comer rápido demais e ficar como muito tempo livre e a privação deixa os animais propensos a cólicas e torções nas curvaturas do intestino. E deve ser de boa qualidade, pois as que não são contém lignina que pode ser um fator predisponente para compactação e cólica.
Existem diferentes formas de fornecer volumoso aos cavalos e a pastagem é a forrageira in natura, porque o animal consome diretamente do solo e pode ser cultivada ou nativa. A pastagem cultivada é aquela que o homem contribuiu para sua formação, havendo então investimentos em tratos culturais e produtividade. A nativa é aquela pastagem formadas por plantas nativas e adaptadas à região, distribuídas de forma natural sem tratos culturais. Uma coisa importante neste modo de fornecimento é o manejo adequado para que se ofereça nutrientes de qualidade ao animal, deve se incluir a rotação de pastagens a qual permite o descanso e com isso a recuperação da pastagem, mas sem deixar a adubação de lado.
A capineira também é um método in natura de fornecimento da forragem, onde são cultivadas as gramíneas que posteriormente são cortadas para serem dadas aos animais. O ideal é que seja fornecido de forma inteira em média 8 cm, para que estimule a mastigação e salivação de forma que evite os talos grosseiros e secos que também estão presentes nas gramíneas que passaram do ponto, e podem ser responsáveis por quadros de cólica por causa do elevado teor de lignina. No manejo é necessário o corte no ponto adequado para que a forragem não perca sua qualidade nutricional e após o corte não deve ser deixada sob alta temperatura porque apresentam um alto teor de água e iniciam o processo de fermentação com produção de fungos e ácidos que também pode favorecer a cólica.
A ensilagem é o método que submete a forrageira à fermentação anaeróbica, ou seja, sem oxigênio, e em seguida é armazenada em silos para posterior utilização. A ensilagem pode ser usada como a única forma de volumoso para equinos, desde que seja de qualidade e fornecido várias vezes ao dia. É comum ensilagem feita de sorgo, milho, capim - elefante, cana-de-açúcar e até mesmo de alfafa. Deve se ter cuidado com o tempo de uso, porque depois de aberto entra em contato com o ar e inicia a fermentação aeróbica o que diminui sua qualidade.
Haylage é o método que retira parcialmente a umidade das forragens e as comumente utilizadas são a do gênero Cynodon como coast cross, tifton ou azevém comum na região sul do Brasil. No pré secado é adicionado um aditivo estabilizante de atividade da água que impede o processo fermentativo aeróbico, contém mais umidade do que os outros tipos de silagem e não passa pelo processo adequado de ensilagem o que favorece o crescimento de bactérias láticas.
O feno é o processo de desidratação parcial que as forragens podem ser submetidas e que preserva suas qualidade nutritivas, pode ser feito em gramíneas como Tifton, Coast cross, Rhodes, azevém e alfafa. As cascas de cereais como arroz, aveia e soja, não são recomendadas como fonte única de volumoso, pois são fibras curtas e de baixa qualidade e mesmo como enchimento não propiciam a estimulação correta da mastigação e motilidade intestinal. As palhas de cereais pós coleta, como a de milho não apresentam o volume para satisfazer o animal para que ele possa digerir e em excesso pode dificultar a digestão e propiciar a cólica.
Deve ser levado em consideração a região em que o animal vive para escolha da melhor forrageira a ser fornecida, por causa do solo, clima, temperatura entre outros fatores que pode interferir n plantação . É possível notar que a cólica foi citada em diferentes momentos, porque o manejo inadequado é um dos principais motivos de cólica em equinos, que é um conjunto de sintomas e sinais clínicos que refletem aspectos fisiológicos no trato gastrointestinal que evidenciam o desconforto abdominal. Se quiser saber mais sobre a cólica clique aqui para ler um post.
Estudante de medicina veterinária, apaixonada por animais e que atualmente trabalha na equipe técnica e de relacionamento com os clientes da Univittá Saúde Animal.
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