A dermatofitose ou tricofitose é uma doença cutânea (pele) altamente contagiosa, causada por fungos patogênicos chamados de dermatófitos, é uma doença de distribuição mundial, porém mais comumente encontrada em regiões tropicais, devido a umidade e ao calor que propiciam o habitat destes fungos.
A Dermatofitose, possui como agentes etiológicos, os fungos das espécies de Microsporum sp, Trichophyton sp e Epidermophyton sp, que podem afetar várias espécies, como seres humanos (antropofílicos), cães, gatos, bovinos e equídeos (zoofilicos).
Em equídeos o agente causador da enfermidade mais comum, é Trichophyton equinum um fungo filamentoso que provoca infecções restrita ao extrato queratinizado da pele, permanecendo somente na superfície da pele.
Etiologia
Nos equídeos, o agente mais comumente envolvido é Trichophyton equinum, porém com menos intensidade pode haver outros agentes causadores como Trichophyton mentagrophites, Microsporum gypseum e Microsporum equinum e Microsporum canis. (SMITH, 1994 )
Um terceiro grupo, dos geofílicos, são sobretudo saprófitos do solo (fungos terrestres) e ocasionalmente infectam tanto seres humanos quanto animais. (JONES et al, 2000; FRASER, 19)
As dermatofitoses caracterizam-se pelo o crescimento de fungos sobre ou no interior dos pelos, pele, unhas e cascos.
A infecção não se dissemina para estruturas mais profundas da pele, a visualização da infecção causada pelos fungos são vistas no interior ou sobre os pelos onde são observados dois tipos principais de crescimento: dermatofitos ectothrix, caracterizados por uma invasão miceliana no interior do pêlo, com artrósporos no lado externo do fio capilar e artrósporos endotrix, encontrados no interior do pelo. Todos os patógenos animais são do tipo ectothrix.
Á respeito de sua resistência, os dermatófitos são resistentes ao meio ambiente e aos desinfetantes, permanecendo endêmicos nas criações, mesmo após um ano de vazio sanitário. (CORRÊA & CORRÊA, 1992)
Transmissão
A transmissão da doença pode ocorrer de animal a animal por contato direto, ou indiretamente através de fômites como: instrumentos de tratamento do exterior dos animais, esporas, estabulação, cercas e comedouros, cama de baias ou estábulos, arreios, raspadeiras, mantas e baixeiros (SMITH, 1994).
Os esporos podem viver sobre a pele sem causar lesões, e este tipo de “animais portadores” pode agir como importante fonte de infecção. (THOMASSIAN,1990)
A maior incidência de casos clínicos da doença ocorre durante o inverno já a de curas espontâneas na primavera porém, os surtos em geral ocorrem durante os meses de verão devido ao aumento das chuvas proporcionando uma maior umidade, e é provável que o confinamento e a nutrição sejam mais importantes na disseminação da doença do que os fatores ambientais, como a temperatura e a luz solar.
A suscetibilidade do animal é determinada pelo seu estado imunológico, de modo que os animais jovens são os mais suscetíveis. (BLOOD,1991)
Outro fator importante fator é a aglomeração de animais jovens, e fatores que diminuam a resistência às infecções, como a má nutrição e o uso prévio de medicamentos imunossupressivos. (SMITH,1994).
Além disso, a umidade crônica por transpiração ou as agressões ambientais à barreira protetora da pele aumentam as oportunidades de infecção. (STEPHEN & BAYLY, 2000).
Não se pode falar realmente em transmissores e vetores, a não ser que se considerasse que, como um fungo zoofílico necessita instalar-se num hospedeiro para manter-se vivo e depois infectar a outros, o animal infectado seria reservatório, transmissor e fonte da infecção por contágio direto, o que nos faz conceituar que as dermatofitoses não tem transmissores nem vetores propriamente ditos.(CORRÊA & CORRÊA, 1992)
O período de incubação pode variar entre 1 a 6 semanas, e na maior parte das circunstâncias, a dermatofitose é uma doença auto limitante, durando a infecção entre 1 e 4 meses. Provavelmente, a regressão espontânea está pelo menos em parte relacionada ao desenvolvimento da imunidade.
A imunidade que se desenvolve provavelmente é incompleta, e sua duração é desconhecida. (SMITH, 1994)
Sinais Clínicos
A sintomatologia clínica da dermatofitose, é a lesão clássica, uma área circular de alopecia (perda de pelos) com pelos grossos na margem e quantidades variáveis de descamação, pode-se observar eritema e hiperpigmentação (vermelhidão). (STEPHEN & BAYLY, 2000)
A decomposição do tecido queratinizado provoca a quebra e queda dos pelos, com aparecimento de zonas circularas de alopecia (perda de pelos), pode ainda haver formação de crostas pápulas, pústulas, seborreia. (Beale, 2006).
As lesões localizam-se com maior frequência na cabeça (ao redor dos olhos e comissuras labiais), orelhas, pescoço, dorso e extremidades.
Quando existe prurido, este é sugestivo de infeção com ectoparasitas ou alergia; a infeção bacteriana secundária também pode ocorrer (Miller, Griffin & Campbell, 2012).
No cavalo a manifestação inicial da doença pode ser similar à urticária, com os pelos nas regiões afetadas permanecendo eretos, este quadro pode ser seguido por alguma transudação até a superfície, contudo, muito rapidamente as lesões criam áreas definidamente demarcadas de perda de pelos, descamação e formação de crostas. (SMITH, 1994)
Prevenção e Controle
Devido ao meio ambiente em que vive os equídeos, algumas medidas de prevenção devem ser tomadas para evitar a doença:
- Fornecer uma dieta adequada aos animais de acordo suas exigências.
- A suplementação de vitaminas ADE pode ser considerada uma medida auxiliar importante, devido em épocas de seca os fenos possuírem um número menor destas vitaminas devido a época da seca.
- Banhos após atividades que provocam sudorese, assim como deixarem os animais secarem ao sol.
- Manter materiais individuais para cada animal, escovas, mantas, selas, cabeçadas, em caso de uso coletivo é recomendado a desinfecção destes materiais.
Como medidas de controle é recomendada o isolamento dos animais doentes ou suspeitos e desinfecção de materiais e instalações usadas para os animais acometidos.
Pelo fato desta doença ser uma zoonose, ou seja, transmissível ao homem também, deve-se ainda tomar todo o cuidado com as pessoas que estão submetidas ao contato com os cavalos contaminados, usando sempre equipamentos de segurança.
Diagnóstico
O diagnóstico definitivo faz-se apenas através do exame micológico, realizado em laboratório, com colheita de pelos e escamas da periferia e centro das lesões para cultura. A recolha deve ser realizada com luvas, de forma a impedir contaminações.
Como os resultados podem demorar de 1 a 4 semanas é aconselhável começar o tratamento previamente.
O diagnóstico laboratorial baseia-se no exame de raspados de pele para a pesquisa de esporos ou micélios através da microscopia direta ou cultura fúngica.
Para isso, os raspados de pele devem ser feitos após desengordurá-la com éter ou álcool, caso tenham sido feitos curativos com substâncias gordurosas (BLOOD, 1991), esse procedimento tem como objetivo diminuir o crescimento de contaminantes. (STEPHEN & BAYLY, 2000)
Tratamento
O tratamento mais utilizado nos equinos, são os tratamentos tópicos, que consiste na aplicação de shampoo, cremes, pomadas antifúngicos.
Pode ser utilizado o tratamento sistêmico com antifúngicos e fungistáticos para lesões generalizadas. (Rendle,2015)
As dermatofitoses são relativamente de fácil tratamento, mas devido sua patogenia, aos primeiros sinais deve-se contatar um médico veterinário, e nunca tratar o animal por conta própria.
Bibliografia
http://amazonpitkennel.tripod.com/dermatofitose.htm
Beale, KL. (2006). Dermatophytosis. In SJ. Birchard & RG. Saunders manual of small animal practice (3rd ed., pp. 451-458). St. Louis, Mo.: Saunders Elsevier.
Miller, W., Griffin, C., & Campbell, K. (2012). Fungal and Algal Skin Diseases. In Muller and Kirk’s Small Animal Dermatology (7th ed., pp. 231-243). St. Louis, Missouri: Saunders.
REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353 Ano VII – Número 12 – Janeiro de 2009
Rodrigo Bicalho
Formado em administração de empresas e estudante de medicina veterinária, atualmente trabalha no Marketing da Univittá
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