Imunidade é a capacidade que o organismo tem de reagir a agentes estranhos e para uma resposta imunológica vários fatores podem influenciar, incluindo o fator genético do patógeno e em alguns seres vivos até mesmo com fatores genéticos dos animais que estão sendo desafiados.
Para o desencadeamento de uma resposta imunológica os organismos em muitas espécies contam com uma série de componentes celulares e não celulares, que por sua vez, são capazes de produzir um número grande de substancias responsáveis pelas mais diversas funções.
A resposta imunológica do tipo primária apresenta baixa especificidade, capacidade limitada de modos de ação e memória nula, enquanto a resposta do tipo secundária age de maneira inversa, complementando a anterior e com a característica de ser específica (BUTCHER; MILES, 2003).
Na resposta do tipo primaria temos a participação de componentes celulares (fagócitos e células NK), barreiras físicas (pele, muco) e proteínas (sistema complemento). Já na resposta secundária temos a participação principalmente de linfócitos e atuação de anticorpos.
O sistema imune é dividido em dois tipos de imunidade que caracterizam dois tipos de respostas: a imunidade inata ou natural (resposta imune inata) e a imunidade adquirida ou adaptativa (resposta imune adquirida).
Tanto a imunidade inata como a adquirida pode ser afetada pelas micotoxinas. Um aspecto que pode ilustrar muito bem esse fato é o efeito das micotoxinas sobre o epitélio intestinal, já que essa mucosa é considerada uma barreira física contra patógenos, possuindo, ao mesmo tempo, componentes da imunidade inata quanto especifica como é o caso da presença de linfócitos e IgA.
Na verdade, a função de barreira física realizada pelo epitélio intestinal é conseguida através da resistência elétrica trans-epitelial (TEER), que existe na monocamada celular. Algumas toxinas são capazes de diminuir essa TEER em células do intestino como Ocratoxina, Patulina e Deoxinivalenol. Alguns autores assinalaram que as Fumonisinas também alteram essa resistência trans-epitelial nas células do intestino dos equinos, podendo ser essa uma explicação dos processos de injúria, descamação e ulceração observados em animais expostos à ingestão de micotoxinas.
Muitos pesquisadores procuraram explicar o mecanismo pelo qual as micotoxinas poderiam afetar a TEER na mucosa intestinal. Eles explicam que isso pode acontecer devido à diminuição na quantidade de proteínas que estão nas junções celulares e, consequentemente a diminuição na biossíntese de esfingolipídios que é inibida pelas Fumonisinas podendo alterar a regulação elétrica das células epiteliais.
As células que fazem a proteção física inata (células da mucosa intestinal) estão em constante renovação com o objetivo de mantes a integridade do epitélio, essa renovação ocorre a partir da proliferação das células indiferenciadas provenientes da cripta, onde no processo de diferenciação se deslocam ao longo das vilosidades, para serem eliminadas por extrusão no ápice da vilosidade intestinal.
Algumas micotoxinas como T2 e Ocratoxina induzem necrose das células epiteliais da cripta provocando atrofia de vilosidades. Já a Fumonisinas são descritas como bloqueadoras das fases mitóticas do ciclo das células epiteliais diminuindo sua proliferação, e baixas doses de Deoxinivalenol (DON) foi documentado que interferem sobre a diferenciação de enterócitos (KASUGA et al., 1998).
No que se refere à imunidade inata da mucosa intestinal, sabe-se que a produção de muco a partir das células caliciformes tem importante função como lubrificação e barreira protetora deste epitélio, como ocorre em outros tecidos do corpo. Sabe-se que quando a mucosa intestinal sofre desafios ocorre incremento no número destas células no intestino com aumento na produção de muco. Entretanto, um estudo na literatura demonstra que a Fumonisina induz hiperplasia de células epiteliais da mucosa intestinal, mas mais estudos nesse aspecto são necessários para verificar a influência desta e de outras micotoxinas sobre a proliferação de células caliciformes e a produção de muco.
Na imunidade específica de mucosa destacam-se o papel das imunoglobulinas e células imunes como linfócitos T. Nos equinos como em outros mamíferos, 80-90% das imunoglobulinas presentes nos fluidos intestinais, lágrimas e glândulas parótidas são IgA. Dessa forma, de acordo com revisão de Bouhet e Oswald (2005), a toxina T-2 suprime as células B nas placas de Peyer, mas o efeito direto sobre a produção de IgA nada foi encontrado.
Um outro ponto muito afetado pelas micotoxinas é a produção de citocinas pelas células intestinais que desempenham papel fundamental no recrutamento de células inflamatórias para defesa da mucosa intestinal.
Alguns autores descreveram também que a ingestão de baixos índices de Fumonisina prejudica o recrutamento de células inflamatórias, como já citado principalmente as IL-8, que se associa à ação dessa toxina na redução de proliferação celular na mucosa, tornando a parede intestinal mais frágil e mais propícia para colonização das bactérias patogênicas.
A influencia das micotoxinas na imunidade das mucosas afeta muito o desempenho produtivo, reprodutivo e performance do animal, uma vez que a imunidade é primordial no combate a qualquer patógeno que invade as superfícies das mucosas, onde aparentemente existe uma inter-relação das mesmas em diferentes lugares no organismo. Dessa forma, podemos deduzir que a estimulação de uma superfície potencialmente induza proteção específica à outra.
Todas as alterações descritas comprovam que as micotoxinas alteram a resposta imune dos animais, podendo interferir com a resposta vacinal e deixar os animais suscetíveis a infecções inespecíficas, ou mesmo para aquelas contra as quais esses animais tenham sido vacinados. Assim, a utilização de ferramentas que neutralizam a ações dessas toxinas é de fundamental importância. O MOS Aditivo Funcional Prebiótico da Univittá permite que com baixa inclusão por dia, muitos fatores da queda de imunidade sejam evitados e inúmeros benefícios sejam observados como já publicados em pesquisas recentes do produto.
Medico Veterinário, empresário fundador da Univittá Saúde Animal, pós graduado em administração de empresas pela FGV. Formulador e desenvolvedor de tecnologias para nutrição animal, com experiência em marketing veterinário e venda de produtos de conceito.
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