Os mananoligossacarídeos e a nutrição de equinos e bovinos
A proibição do uso de antibióticos como promotores de crescimento está encorajando os produtores, não somente na Europa mas no mundo todo, a procurarem estratégias alternativas de nutrição para tentar obter os mesmos resultados que tinham com os antibióticos.
A célula da levedura, em particular a da Saccharomyces cerevisiae, tem a chave que pode impedir cepas patogênicas de bactérias de se estabelecerem nos intestinos, melhorando muito a nutrição do animal, de forma natural.
A superfície das leveduras contém moléculas de carboidratos complexos que interferem diretamente na habilidade das bactérias de se ligarem às células da parede intestinal.
Estes carboidratos complexos são os mananoligossacarídeos, também conhecido como MOS.
Para os patógenos intestinais terem sucesso, eles têm que se ligar às células que revestem o trato intestinal. Eles fazem isto por um mecanismo de ligação específico, que existe entre uma classe particular de proteína superficial (lecitina) e os oligossacarídeos. A superfície da célula é revestida com carboidratos complexos, cujo tipo depende da célula em questão.
Elas também contêm lecitinas, as quais se ligam rápida e especificamente com os carboidratos da superfície. Esta interação tem a função de ligar células adjacentes e funcionar como receptor para hormônios, mas que também pode ser usada por bactérias vírus e toxinas. As bactérias se ligam por meio de pequenas projeções em sua superfície e que são ricas em lecitinas. Este processo permite a ligação delas às células epiteliais.
A superfície da Saccharomyces cerevisiae também é rica em mananos, carboidratos que se ligam bem com as lecitinas das bactérias patogênicas.
Em resumo, a adição de leveduras diminui a ligação das bactérias com as células da parede do intestino. A levedura não consegue se ligar à parede intestinal e, por isso, carrega as bactérias para fora do trato na evacuação.
Manose exógena também pode fazer esta operação, todavia, além de ser cara, ela pode ser fermentada pelo patógeno. Por isso, manose é fornecida como parte de um carboidrato complexo, os mananoligossacarídeos, que não apresentam este problema.
Em uma levedura, a composição da parede celular é de 30 % de manano, 30 % de glucano, 12,5 % de proteína (quitina) e outros produtos de natureza lipídica e proteica. Enquanto a relação de manano: glucano, permanece relativamente constante entre diferentes cepas de Saccharomyces cerevisiae, o grau de fosforilação da manano e a integração entre os três principais componentes pode variar. Por esta composição, a parede celular do Saccharomyces é altamente resistente à digestão ácida.
Fontes de mananoglissacarídeos (MOS) e controversas
A habilidade dos MOS de diminuir a prevalência de bactérias patogênicas intestinais e prevenir que elas colonizem o trato gastrointestinal, é muito bem documentada. Inúmeros trabalhos realizados nas mais criteriosas Universidades no mundo inteiro têm comprovado os efeitos benéficos da adição de levedura e e dos componentes de suas paredes celulares em rações animais.
Porque então resultados diferentes do da literatura são observados na prática?
É preciso lembrar que quando experimentos são realizados, os pesquisadores, normalmente se asseguram de estar trabalhando com produtos de qualidade inquestionável, e com concentrações dos princípios ativos conhecidas.
Na prática, não é bem o que acontece. Muitos produtos são vendidos como fonte de MOS, mas na realidade não passam de subprodutos de fermentação que sem dúvida contém MOS, mas não necessariamente nas quantidades que poderiam repetir os resultados das pesquisa universitárias.
Pelo desenho podemos verificar que apenas parte pequena da casca tem o carboidrato complexo manano. Na realidade, perto de 30 % da parede celular.
Se nós considerarmos que a parede celular representa apenas entre 22 e 28 % da célula de levedura, dependendo da cepa da Saccharomyces, a quantidade de manano em uma levedura, se totalmente isolada, não passaria de 8,4 %.
Associada à pequena concentração de manano na levedura, vem ainda a dificuldade do processo de separação, embora, como já dissemos antes, os MOS sejam resistentes à digestão ácida. No entanto, estes produtos à base de parede celular, não contém apenas mananos, mas também beta-glucanas, que são parte integrante das mesmas paredes.
Estes extratos são utilizados como aditivos aos alimentos preparados para bebês. Através deste processo, pode a Univittá obter um produto de alta qualidade, a custos razoavelmente acessíveis, o que não seria possível caso não se tivesse uma agregação de valor à parte citoplasmática da levedura.
O Produto da Univittá, o MOS, é uma fonte de alta qualidade de mananoligossacarídeos e beta-glucanas, com a seguinte composição química:
Umidade 2 – 3 % Matéria Seca 97 – 98 %
- Proteínas 14 – 17 % Lipídeos 20 – 22 %
- Mananos 22 – 24 % Fósforo 1 – 2 %
- Beta –glucanas Total 24 – 26 % Cinzas 3 – 5 %
Além da alta qualidade do MOS, sua matéria prima já passou pelo crivo da Comunidade Europeia e satisfeito a condição tripla, por ela exigida de: Identidade (pureza), eficácia e não ser nociva nem ao homem nem ao ambiente.
Com um produto com estas propriedades, o produtor e/ou o nutricionista pode, então, obter resultados semelhantes aos relatados na pesquisa mundial e que podem ser resumidos como:
MOS aumenta a produção de Ig A, um dos mais importantes mecanismos de defesa do trato gastrointestinal.
- Tem sido demonstrado também que MOS melhorou a resposta de macrófagos, em diferentes espécies, tais como: suínos, ratos, aves e cachorros.
- Em suínos, em particular, experimentos tem demonstrado que a adição de MOS, na ração, protegeu os animais por permitir a montagem de um melhor mecanismo de defesa contra infecções por Salmonela, E. coli hemolítica e Campilobacter.
Todas estas ações, reforçando o sistema de defesa imunológica dos animais, tem como consequência um melhor desempenho zootécnico, representado por menor mortalidade, maior ganho de peso e melhor conversão alimentar.
É importante lembrar que os promotores de crescimento antimicrobianos, são reconhecidamente capazes de melhorar ganho de peso e conversão alimentar de 3 a 8 %. Para recuperar as vantagens econômicas dos antibióticos proibidos ou a serem proibidos, os produtores têm que trocar não somente suas ferramentas nutricionais, mas alterar suas práticas de manejo para diminuir os riscos de contaminação.
Não existe um único produto que poderá substituir os promotores antimicrobianos, mas sem dúvida uma boa e confiável fonte de mananoligossacarídeos é uma importante ferramenta nesta estratégia de substituição.
Medico Veterinário, empresário fundador da Univittá Saúde Animal, pós graduado em administração de empresas pela FGV. Formulador e desenvolvedor de tecnologias para nutrição animal, com experiência em marketing veterinário e venda de produtos de conceito.
Mais artigos deste autorPara garantir a saúde dos cascos do cavalo, é importante hidratá-los adequadamente. Isso porque, se estiverem desidratados – ou hidratados em excesso – ficam suscetíveis a sofrer rachaduras.
Este artigo faz uma síntese das informações e ideias geradas na mesa-redonda batizada de “Recomendações Atuais sobre o Uso da Silagem de Milho em Equinos”, um assunto de extrema relevância aos criadores e proprietários de equinos.
Gostou deste post? Deixe seu comentário