Tétano em Equinos

Tétano em Equinos
O tétano é uma doença bacteriana não contagiosa de distribuição mundial, causada pelo seu agente o bacilo tetânico (Clostridium tetani) e pelas exotoxinas por ele liberadas, podendo acometer vários animais, mas daremos ênfase aos equídeos.
Com uma alta taxa de mortalidade entre os equídeos, em torno de 80% (Radostitis;2010), dos animais que contraem a doença morrem, o Tétano é uma doença de grande impacto econômico entre os criadores e proprietários de equídeos.

Etiologia

O tétano é causado pela bactéria Clostridium tetani, um bacilo gram +, anaeróbico (não necessita de oxigênio), e formador de esporos que no meio ambiente é altamente resistente, devido ter uma cápsula protetora que reveste o bacilo de qualquer agressão.
Por sua característica anaeróbica e formador de esporos o bacilo tetânico, é altamente resistente ao sistema imune de seus hospedeiros e pode ser encontrado em duas formas, a esporulada (no meio ambiente) e a vegetativa (inoculada no interior dos tecidos do animal) (Quinn, 2005).
O tétano pode ser caracterizado por uma toxiinfecção, devido a bactéria Clostridium tetani, produzir exotoxinas que afetam diretamente o sistema neuromuscular, promovendo a disseminação da infecção, conforme aumenta a necrose local e interferindo nas placas terminais motoras e na liberação dos neurotransmissores.

Essas toxinas são responsáveis pelos sinais clínicos da enfermidade que envolvem a híper estimulação do sistema nervoso, o animal ficando sensível a qualquer tipo de estímulo, necrose tecidual, elevação do tônus muscular (rigidez muscular), espasmos dos músculos faciais e da mastigação, prolapso de terceira pálpebra, elevação da cauda (“cauda em bandeira”) e até mesmo opistótono (espasmo, típico do tétano, em que a coluna vertebral e as extremidades se curvam em forma de arco) (Reichmann et al., 2008; Green et al., 1994; Radostits et al., 2002; MacKay, Tetanus, 2009).

Transmissão

A porta de entrada para o Clostridium tetani é geralmente por feridas, como por exemplos aquelas na cavidade oral, feridas nos cascos, castrações, locais de aplicação de injeções que possam criar condição de anaerobiose.
O tétano neonatal em potros pode ocorrer quando há uma infecção no cordão umbilical associado á condições higiênicas do local do parto e a cura de umbigo sem uma assepsia adequada.
O tétano puerperal pode ser ocasionado pela retenção de placenta após um parto distócico feito sem assepsia.
O Tétano Idiopático o animal não apresenta nenhuma ferida aparente, porém devido o bacilo ser anaeróbico ele pode ter se alojado numa ferida já cicatrizada.

Sinais Clínicos

Os sinais clínicos do Tétano podem variar de acordo com susceptibilidade do animal, em animais mais susceptíveis, os sinais ocorrem entre a segunda semana após contrair a doença a´ um mês após inoculação bacteriana.
Os principais sinais clínicos são:

  • Andar rígido. 
  • Rigidez muscular generalizada, principalmente nos músculos de sustentação, o que leva a uma postura típica de “cavalete”. 
  • Opistótomos (espasmo, típico do tétano, em que a coluna vertebral e as extremidades se curvam em forma de arco)
  • Trismo (“mandíbula travada”).
  • Prolapso de terceira pálpebra.
  • Hiperestesia (sinais de espasmos musculares podem ser exacerbados por ruído, luz ou estímulo táctil).
  • Febre e sudorese intensa (suor elevado). 
  • Disfagia, sialorreia e pneumonias aspirativas. 
  • Hipóxia por comprometimento dos músculos respiratórios, podendo evoluir para paradas respiratórias. 
  • Pode-se desenvolver uma cólica intratável.
  • Claudicação vaga do membro afetado
  • Hipertonia Muscular (aumento da rigidez e incapacidade de estiramento)
  • Taquipneia, denotando grave acidose (Thomassian, 2005)

A morte pode ocorrer entre cinco e sete dias em casos de evolução rápida da doença e de 15 a 20 dias em evolução mais lenta.

Prevenção e controle

Os equídeos geralmente vivem em ambientes não inócuos ao bacilo tetani, onde há um alto grau de contaminação por fezes, o que os torna consideravelmente vulneráveis a contração da doença, devido este fato devemos nos atentar a algumas medidas de prevenção e controle:

  • Manter sempre as instalações limpas (baias, cocheiras estábulos e piquete), evitando ao máximo o excesso de matéria orgânica.
  • Fazer a assepsia do ferimento primeiramente com água e sabão, e é recomendável para a primeira lavagem usar água oxigenada que devido sua reação química em contato com o sangue, libera oxigênio inibindo bactérias anaeróbicas.
  • Da mesma forma em ferimentos já infecionados mantê-los sempre limpos, realizar drenagem, mantendo-os sempre abertos em contato com o oxigênio.
  • Após o ferimento administrar toxóide tetânico (vacina anti-tetânica) se o animal não tiver sido vacinado nos últimos 6 meses. 
  • É recomendo a vacinação de potros a partir dos dois meses de idade sendo a primeira dose da anti-tetânica com 2 meses e a segunda dose num intervalo de quatro á seis semanas, após estas doses entra num protocolo de vacinação anual.
  • Fêmeas, Machos adultos e fêmeas prenhes é recomendável fazer a vacinação anual da anti-tetanica.

Diagnóstico

Não há um exame laboratorial confiável para diagnosticar a doença devido poucos bacilos poderem causar a doença, o diagnóstico deve ser feito com base nos sinais clínicos e histórico do animal (Green et al., 1994; Gracner et al., 2015; Hahn, 2008), que devido a ter sinais característicos, permitem um reconhecimento da doença. (Hahn, 2008).

Tratamento

O tratamento para o tétano é paliativo e associado a terapia de suporte, visando eliminar o agente etiológico e neutralizando a ação de suas toxinas, promovendo relaxamento muscular para evitar asfixia devido os espasmos e a contração muscular.  

  • O primeiro passo é administrar um soro antitetânico.
  • Recomenda-se o uso de penicilina G potássica ou penicilina G procaína.
  • Recomenda-se administrar um relaxante muscular.
  • O animal deve ser mantido num ambiente escuro e isolado.
  • Manter o animal hidratado e num bom estado nutricional.


A bactéria Clostridium tetani, pode ser encontrada ao redor do mundo, apesar de habitar o solo, o bacilo tetani é muito encontrado nas fezes dos animais.
O Clostridium tetani é altamente resistente ao meio ambiente e aos meios de desinfecção, sua morbidade é extremamente alta aos animais que á contraem
 se tornando um grande perigo a equinocultura mundial.
Apesar de não ser obrigatória, devemos entrar com o protocolo de vacinação em nossos animais, para evitarmos esta doença que nos causa tantos problemas.
  

Bibliografia

RADOSTITS, O. M., GAY C. C., BLOOD D. C. et al. Clínica Veterinária Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Equinos. 9ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
SMITH, BRADFORD,P. – Medicina Interna de Grandes Animais, 3°ED.Barueri,SP Manole2006, p. 997
THOMASIAN,ARMEM -Enfermidades dos Cavalos. 4°ED.São Paulo: Livraria Varela,2005. p.475.
Reichmann P, Lisboa JAN, Araujo RG. Tetanus in Equids: A Review of 76 Cases. J. Eq. Vet. Sci. 2008; 9:518-523.




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Rodrigo Bicalho
Rodrigo Bicalho

Formado em administração de empresas e estudante de medicina veterinária, atualmente trabalha no Marketing da Univittá

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